domenica 1 marzo 2009

A Censura do Carnaval

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PORNOGRAFIA: O termo deriva do grego πόρνη (pórne), "prostituta", γραφή (grafé), representação e define a reprodução, independentemente do meio utilizado, de cenas ou imagens destinadas a serem apresentadas a um público, expondo práticas sexuais diversas, com o fim de instigar a líbido do observador.(in Wikipedia).

Este é o fantasma que assombrou a vida cultural portuguesa neste , já findo, Carnaval.

Primeiro, foi a censura, feita pelo Ministério Público, de imagens na réplica satirizada do Magalhães presente no Carnaval de Torres Vedras, por estas serem, alegadamente pornográficas.

Poucos dias depois, foi a apreensão, levada a cabo pela PSP de Braga, de cinco exemplares do livro ‘Pornocracia’ de Catherine Breillat que exibia na capa ‘A Origem do Mundo’ de Gustave Courbet, tela pintada em 1866 e hoje em exibição no Museu d’Orsay.

O que estes dois aspectos têm em comum é precisamente, ambas as obras terem sido consideradas pornográficas. À luz da definição apresentada, passaremos a analisar, então, ícones da arte mundial hoje, unanimemente, reconhecidos.


1. Vénus de Willendorf:

Perante esta escultura paleolítica, devemos confiar na opinião dos académicos e acreditar que esta nada mais é do que a representação de um símbolo de fertilidade, que nos remete para a noção de Mãe Natureza ou será isto uma desculpa para escamotear a já existente dependência mórbida do Cro-Magnon de objectos pornográficos?


2. Almoço sobre a erva – 1863 - Manet

Manet e todos os seus colegas impressionistas, apesar de terem sido considerados escandalosos aquando do seu aparecimento, por oposição ao Realismo, pelos temas que apresentavam -. frequentemente, corpos femininos semi-nús- constituem hoje um paradigma da arte do século XIX. Mas será mesmo assim? Não deveria ter a crítica mundial perseverado um pouco mais e ter condenado, até aos dias de hoje, esses pintores disolutos e todas as suas modelos, quase sempre, mulheres ainda mais dissolutas, ao mais absoluto esquecimento , como castigo? É uma pena, no mínimo, justa para quem sugere actividades duvidosas, levadas a cabo em pleno campo entre parceiros múltiplos que, ao serem plasmadas para a posteridade, podem causar ,de chofre e irreversivelmente, a perda da inocência das nossas crianças que, com a desculpa da arte e da cultura geral, estão sujeitas a observar num qualquer museu ou centro de exposições.


3.Adão e Eva de Dürer.

Face a esta representação do casal primordial, e sobretudo àquela de Eva que, à mercê das brisas, arrisca a mais completa nudez, ficamos a perceber o porquê da escolha da serpente e mais ainda as eternas condenações de Jeová dirigidas à Humanidade e, sobretudo, à mulher.


4. Kajuraho -

- complexo de templos indianos, construídos entre 950 e 1050 d.c. conhecidos pelo conteúdo sexual dos seus ornamentos.

Será que com a desculpa da religião (hindú) os indianos não quereriam, apenas, erguer monumentos à concupiscência e depravação?


Desta forma, justificar-se-ia plenamente, os ataques que os portugueses levaram a cabo, durante o século XVI, a templos hindús do Sul da India, muito provavelmente, também eles imbuídos do mesmo espírito de cruzada beatificadora que inspirou, não só, os cidadãos torreenses e bracarenses que efectuaram as queixas-crime, mas também as instituições que agiram em consequência

Por isso, não posso deixar de louvar o apego heróico à moral e bons costumes que as nossas instituições, apesar de inseridas num contexto, aparentemente, europeu e pós-moderno mantêm.

Contra este sistema actual que insiste em contrariar os valores da família e do recato, CENSURAR, CENSURAR.

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