domenica 1 marzo 2009

O Fenómeno Facebook

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Com o aquecimento global que atinge níveis e consequências irreversíveis, com as crises internacionais que, em nome da crise internacional, se intensificam, com o fecho das fronteiras do Primeiro Mundo ao Terceiro, com a masculinização de tantas espécies devido à poluição crescente, com a globalização do Mal e dos deveres e a elitização do Bens e dos direitos, qual é a nova febre mundial, que se propagou a todos os continentes desde os E.U.A.? A ecologia? As manifestações? As revoluções? A consciência global? A Justiça? O messiânico Obama?...

Não...Facebook.

Mexicanos, portugueses, italianos, chineses, argentinos, ingleses, japoneses e guatemaltecos, uni-vos! Uni-vos graças a este imenso portento tecnológico sobre cujos os benefícios discorrerei.

A minha costumeira, pouco reactiva ao exterior mas insistente, curiosidade, levou-me investigar o que seria este Facebook e qual o motivo para tanta turbação planetária.

E, numa sessão de 20 minutos, descobri e maravilhei-me, tal como os outros milhões de utilizadores que fazem de Facebook, a sexta nação (???) – acaso desconhecem a sua definição?- mais populosa do Mundo.

Facebook é uma comunidade virtual onde pessoas, das mais diversas proveniências e com as mais diversas características, se inscrevem e se mantêm em contacto. Desta forma, Facebook permite encontrar ex-colegas de escola, ex-colegas de trabalho, ex- amigos, ex- namorados (as) e ex-patrões. Por EX, entenda-se aquilo que foi e já não é. Interessante?

Decidi experimentar.

Após alguns minutos de hesitação sobre quem descobrir, escrevi um nome e cliquei num botão que dizia: “Encontrar amigo”. Mas uma primeira dúvida, assaltou-me...Amigo...Se acaso, fosse meu amigo, eu necessitaria de ir para a Internet encontrá-lo? Ou será a palavra ‘amigo’ aqui utilizada no sentido que o meu sobrinho de 4 anos a utiliza quando diz que vai convidar os seus amigos para lanchar e chega a casa com 10 miúdos?

A dúvida persiste, mas avanço.

Escrevi o nome do meu Liceu e apareceu-me o grupo de antigos alunos. Passo em revista as 196 fotografias e não reconheço ninguém. Sempre tive uma memória terrível para nomes e as caras, depois de 16 anos, já não me dizem nada.

Lembrei-me do primeiro nome daquela minha colega que chorava de cada vez que recebia uma nota inferior a 18. Rita...Mas não me lembro do apelido. Se escrevo Rita, Lisboa, será que Facebook a encontra?

Decido procurar um rapaz de quem gostei quando tinha 13 anos. Ele era norueguês e a sua beleza persiste na minha memória. Felizmente, lembro-me do seu apelido, mesmo que seja complicado

De facto, também ele está no Facebook, como não podia deixar de ser. Marca a sua presença com, pelo menos, mais 25 kilos e dois bébés. Penso que foi uma má ideia procurá-lo. Mais um sonho de pré-adolescência malogrado.

Quis, então, encontrar o meu professor de Português, apesar de ser nordestino, foi um dos melhores professores que tive. Mas como se chamava? Walter, Ataxerxes, Mílton? Desisto...

E o meu professor de História Económica e Social que tive na Universidade...será que está no Facebook? Procureio-o sem sucesso. Talvez aos 75 anos, já ninguém queira estar no Facebook

Penso que vou ‘adicionar como amigo’ o meu ex-namorado mas, depois de vários dias à espera da sua aceitação, percebi que ele não me quer ‘adicionar como amiga’ à sua‘list’. Em compensação, posso ver as fotografias de todos os seus amigos. Descobri que a fotografia da minha ex-melhor amiga, que me deixou de falar depois de ele me ter deixado,está na sua lista de amigos. Por que será?

Em suma, aqueles que eu, após um forte esforço consigo isolar do cenário caótico da memória, ou não me recordo do seu nome, ou estão gordos ou não estão interessados em contactar comigo. Bastante semelhante à vida real, só que a nível planetário e virtual, e bastante mais deprimente.

Qual será, então, a explicação para o sucesso global de Facebook?

Penso que Freud, apesar de ser em, muitos aspectos, detestável conseguiu condensar todo o seu génio numa frase que se aplica perfeitamente ao fenómeno Facebook: “ Às vezes, evitar entender é bem melhor que sacríficar o entendimento.”

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