mercoledì 24 giugno 2009

Ai, se ela soubesse...

Na minha opinião, seria a Cicciolina que devia ter feito queixa do João Miguel Tavares e não, José Sócrates.
Isto porque a Cicciolina, apesar do seu passado de porno-star, se casou e teve filhos e é certo e sabido que abandonou a carreira que a tornou famosa, para se dedicar à maternidade.
Enquanto que, em relação a José Sócrates, que defende a moral na política mas que, como Ministro e Primeiro Ministro, autorizava projectos a troco de milhões de Euros, criava offshores no estrangeiro para os depositar, comprava andares milionários a empresas mafiosas e criava leis que estimulam a corrupção – nomeadamente e apenas para citar uma, a do Financiamento dos partidos - não existem quaisquer provas que não o continue a fazer as trafulhices já nossas conhecidas.
Por isso, se alguém se deve sentir ofendido aqui, é a Cicciolina, pela comparação injusta que sofreu com o Primeiro- Ministro português. Coitada...Ela, ao menos, usufruía daquilo que era seu.

José Sócrates, Cicciolina e os Tribunais

Hoje, João Miguel Tavares, o jornalista do Diário de Notícias que escreveu um artigo intitulado ‘José Sócrates, o Cristo da Política Portuguesa’ viu uma queixa contra si, feita pelo Primero-Ministro, ser arquivada pelo Ministério Público.
No referido artigo, Tavares comparou o apelo à moral na política feito por José Sócrates à «defesa da monogamia por parte de Cicciolina», o que para além de ser demesuradamente piedético é um exemplo perfeito das incongruências que caracterizam os discursos e a acção de José Sócrates ao longo de toda a sua carreira política e profissional.
Deve ser frustrante para José Sócrates aperceber-se que, apesar de todos os seus esforços, não conseguiu aniquilar a liberdade de expressão em Portugal e que os jornalistas não foram todos reduzidos, em bloco, a um exército de caniches branquinhos e bem-comportados.
Será mais um daqueles casos em que Sócrates consegue a proeza de desinvinduar-se e fazer com que a a esquizofrenia pareça uma brincadeira ao distinguir o José Sócrates Primeiro Ministro - que compreende as consequências de ser uma figura pública - do José Sócrates Cidadão -que não as entende - e que leva a tribunal quem lhe apetece por causa das críticas feitas ao José Sócrates Primeiro Ministro? Alguém devia lembrar o José Sócrates que ele que ele é uma e a mesma pessoa – a menos que as suas recentes mudanças de atitude se provem de origem patológica - e que apesar de Primeiro- Ministro, é cidadão de uma República Democrática e não do Portugalzinho da sua infância.

lunedì 22 giugno 2009

A crise portuguesa e os números do governo


Hoje, segundo o IEFP.o número de desempregados inscritos diminuiu 0,5%, sobretudo no grupo dos homens e dos jovens.
Imaginando que esta projecção não é o resultado de mais um ‘apagão’ num dos muitos centros de emprego do país, encomendado pelo Governo – porque nos números oficiais do desemprego já não é possível confiar neste país – seria importante esclarecer qual os tipos de emprego que preferem jovens e homens a mulheres.
Muito provavelmente, os sub-empregos que, actualmente, enchem as páginas de classificados que preferem arriscar a contratação de homens e jovens – mais facilmente descartáveis – do a de mulheres que, apesar de ganharem menos do que a média dos homens e trabalharem mais, têm compromissos familiares e maternais que, muitas vezes, as impedem que serem ‘proactivas’ – n.t. dispostas a tudo para manterem o seu posto de trabalho- e com ‘disponibilidade de horário’ – n.t. que possam ponderar a escravidão que, em contexto empresarial também dá pelo nome de ‘amor à camisola’ -.

Assim, tão importante como contabilizar o número de desempregados é avaliar o tipo de emprego que causa essa flutuações mínimas de caractér mensal. Se são sub-empregos, a situação de emprego será, necessariamente, provisória.

giovedì 18 giugno 2009

Os belos filhos de Deus...

Hoje, estava a actualizar o blog com a televisão ligada como som de fundo. Estava no ar o programa Ecclesia. Sim...aquele programa católico onde os apresentadores e convidados têm todos as faces róseas em jeito de santinho de igreja barroca.
A peça sobre um jogo de futebol entre equipas de jovens seminaristas, chamou-me a atenção...a rapariga que fazia a reportagem lembrou-se de ir entrevistar um padre que estava na assistência e que disse, prontamente: 'É sempre bom ver estes belos jovens esbeltos numa actividade sadia. Esteticamente, é algo muito interessante.'

Isto no canal 1, às 7 da tarde...( Parece que vou começar a gravar o Ecclesia a colocar os vídeos no Youtube.)

Perante esta santa intervenção, o rapaz entrevistado na seguinte rubrica que sustentava que, aos 18 anos e que desde que era acólito , já não tinha dúvidas existenciais, pareceu-me o cúmulo da normalidade.

Saramago e o ensaio sobre a inveja

Verifica-se um fenómeno em Portugal que é muito específico deste ‘jardim à beira-mar plantado.’
Este fenómeno é intemporal e repete-se, à laia de ideia que, por via da ausência de bom senso, se transforma em mau hábito. Este mau hábito leva os portugueses a abaterem, desprezarem, desmotivarem e criticarem, destrutivamente, os seus pares que, através do mérito do seu trabalho e talento, emergem da ‘pasmaceira’ nacional e obtêm a glória e o reconhecimento internacionais em todas as frentes.
Um dos alvos preferidos desta tendência é José Saramago.
Este escritor, com a carrera brilhante que (quase) todos conhecem e que é lido em todo mundo e em todo o mundo aclamado, é detestado pela maioria dos portugueses. Naturalmente que a maioria que o detesta, é a mesma maioria que nunca leu uma única obra sua e é a mesma que, caso lesse, muito provavelmente e devido à falta de treino no âmbito da leitura, se perderia num dos primeiros parágrafos.
Seja a sua perspectiva sobre a Iberia, seja a sua opinião sobre os Isrealitas e o genocídio que perpetram, persistentemente, na Palestina, seja a sua visão sobre Jesus Cristo, seja a sua proposta de unir a Esquerda na candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, Saramago tem que ser sempre, e apenas em Portugal, alvo de críticas destrutivas.
Mais recentemente e, dedicado à figura patética que governa a Itália, Saramago escreveu um brilhante artigo que se caracterizou por uma crítica mordaz aliada a um caústico, e por tal, resfrescante, sentido de humor, impossìvel de encontrar nas páginas dos jornaizinhos portugueses. Por isso mesmo é que José Saramago publicou o seu artigo no El Pais, um dos maiores jornais da Europa.
O ‘aqui d’el rei’ que se gerou na imprensa e blogosfera portuguesas contra o ‘moralismo’ a rudeza de Saramago, foi mais uma das manifestações da inveja lusa.
O português médio pode identificar-se com Cristiano Ronaldo, que é reconhecido internacionalmente porque tem jeito para o futebol mas que não sabe falar a sua própria língua; pode identificar-se com Tony Carreira – o emigrante retornado que subiu na vida graças à sorte e à imagem de ‘bom filho da vizinha do lado’-; a avaliar pelo número de vendas, pode identificar-se com as personagens dos livros de Margarida Rebelo Pinto e outros escritores que tais que escrevem sobre existências medíocres de Veras, Joões e Pedros que se cruzam e voltam a cruzar. Com esses sim. Eles estão à medida do nosso país. Poderiam ser qualquer uma das pessoas que vivem no nosso prédio, com que trabalhamos ou que encontramos no supermercado. Assim sim.
Mas um Nobel? E, sobretudo, um Nobel que diz aquilo que pensa, contrariando a abulia nacional os ‘paninhos quentes’ à portuguesa?
Assim não.
Mais vale defender o Berlusconi...Essa tal ‘coisa’ que afunda a Itália na xenofobia, na precaridade, no facismo e na ignorância, que gasta o dinheiro dos contribuintes nos seus devaneios de velho senil e que apresenta como solução ao desemprego feminino a prostituição aos homens de poder.
Os olhos do português médio reconhecem, mais depressa, como familiar um tipo como o de Berlusconi do que outro como o de Saramago.
Talvez, por tudo isto, Saramago prefira viver em Lanzarote, uma ilha árida e vulcânica que sendo a mais oriental das Canárias é, também, a mais próxima de Portugal mas que, felizmente, para Saramago e para os lanzarotenhos, não é território português.
Maia

martedì 16 giugno 2009

O desespero e os contrasensos de José Sócrates

José Sócrates e o seu PS foram fortemente penalizados nas últimas eleições europeias ficando a 6% de distância do PSD de Manuela Ferreira Leite. Por ser o PSD e, sobretudo, por ser o PSD de Manuela Ferreira Leite, a derrota foi dupla e em todas as frentes.
Durante o discurso das felicitações ‘democráticas’, José Sócrates reconheceu que, aquele, era um resultado decepcionante que se encontrava muito aquém das expectativas.
Depreende-se, assim, que ele e os seus, apesar das agressões reiteradas à dignidade de todo um povo, dos golpes certeiros nas economias familiares, dos atentados desapiedados aos direitos adquiridos e às liberdades conquistadas nos últimos 35 anos, esperavam que os Portugueses os conduzissem, através do seu livre voto, de novo, à vitória – primeiro, nas Europeias e depois, naturalmente, nas Legislativas.
Mas, os Portugueses, este povo amante de posições indefinidas e termos suaves relativamente aos homens de poder – reverência esta à qual prefere chamar respeito ou educação-, este povo que só se inflama com as questíunculas do futebol e que só se interessa pelo Cristiano Ronaldo, por onde este está ou estará daqui a três anos, este povo que suportou, em silêncio e com resignação, a mais longa ditadura da Europa, este povo que, devido à sua ausência de consciência de cidadania, se afasta dos países mais desenvolvidos da União Europeia e perfilha a tendência dos recém-entrados, no que respeita a percentagem de abstenção- 60%- , este povo, contra as expectativas de José Sócrates disse, finalmente, basta.

Perante esta penalização, José Sócrates argumentou, em desespero de causa e imbuído da mesma arrogância que, se não conduzisse a tantos erros fatais para os Portugueses, seria risível, que o governo iria manter o rumo da governação feita até aí. Para além disso, José Sócrates considerava que, aquele, não era o momento para julgar o desempenho do governo, já que esse momento, só chegaria dali a alguns meses.

Com efeito, o que fica mais uma vez provado é que a Democracia, para José Sócrates, é um conceito vazio, já que o rumo da sua política é ele que o decide e o juízo acerca do mesmo é ele que diz quando deve ser feito.
Os eleitores, no que respeita a eleições, e para José Sócrates, não devem ser tidos nem achados.

Passada uma semana, Sócrates parecia ter renovado as suas expectativas na inércia, resignação e indiferença históricas dos Portugueses. Apelou, novamente, a uma maioria absoluta nas legislativas e, em troca desta, garantiu assumir uma ‘atitude de humildade’ para reconhecer ‘eventuais erros’.
Ora este discurso, não só é a antítese daquilo que demonstrou durante quatro anos como é, de per se, um contrasenso. Assim, José Sócrates assegura humildade se os Portugueses lhe derem a possibilidade de governar sozinho.
Analisando este raciocíonio, rapidamente, se chega à conclusão que, se José Sócrates governar sozinho, não serão necessárias negociações com a oposição, não precisará de reformular critérios e, consequentemente, persistirá nas mesmas políticas incompetentes em que persistiu durante o último mandato e que conduziram o país à crise específicamente nacional que atravessa, passo o pleonasmo. Por fim, se José Sócrates e o seu PS governarem sozinhos, ninguém os poderá obrigar a serem humildes.

Resta, agora, saber se neste momento decisivo, os Portugueses farão jus à sua reputação de povo passivo e permissivo ou se, cansandos de tantos abusos, corrupção e indignidade, dirão novamente, BASTA!.

Maia

A Maioria absoluta do Sr.José Sócrates - Para que serviu?

O Sr.José Sócrates – primeiro ministro português – aspira a uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.
Uma imprensa, atenta e veneradora, encomendava e divulgava esperançosas sondagens, apesar das constantes tropelias de um governo medíocre que, rapidamente, destruíu o incipiente “Estado de Bem-Estar” português.
O Sr. José Sócrates fechou escolas, maternidades, centros de saúde, hospitais, serviços públicos, baixou as reformas, agravou condições de trabalho, esmagou com impostos quem já pagava impostos e deixou à rédea solta banqueiros fraudulentos e mentores da economia subterrânea.

A estas malfeitorias chama o Sr. Sócrates “reformas estruturais’. Não sei o que ele entende por ‘estrutura’ e não sei, ainda, se ele aprendeu o conceito através do convívio com ‘patos-bravos’ ou mediante a leitura, atenta e reflectida, das obras de Lévi- Strauss e de outros estruturalistas.
O que sei, isso sim, é que o Sr. José Sócrates, dispondo de uma maioria absoluta, poderia ter feito o Bem e o Mal. Mas, parafraseando uma frase célebre: O Bem fê-lo mal e o Mal fê-lo bem.
E as nunca por demais louvadas ‘reformas’?
Teria sido muito melhor que nunca as tivesse feito. Todas elas, sem excepção, redundaram em prejuízo dos Portugueses.
Lembro-me que, na Alemanha, o Sr. Helmut Khol esteve dezasseis anos no poder por ter desistido de fazer reformas.
Reconheceu que os alemães tinham atingido um assinalável nível de bem-estar social e económico e que, não podendo aumentar esse nível, seria melhor deixar estar tudo como estava. Sábia decisão que os alemães lhe agradeceram com sucessivas reconduções ao cargo de chanceler.
Em Portugal, o Sr. Sócrates em vez de seguir, sensatamente, aquele exemplo, ficou inebriado pela maioria absoluta que alcançara e, o seu governo entrou numa agitação legislativa tonta e frenética que conduziu o país à deplorável situação em que se encontra.
Um número cada vez maior de Portugueses está desempregado, endividado para além do admissível, expoliado dos poucos réditos que aufere por um Fisco insaciável e cruel que, todos os dias, move novas acções de penhora contra os poucos haveres que os cidadãos contribuintes – já exauridos – ainda possuem. A leitura dos anúncios e editais de penhoras, abundantemente publicados na imprensa portuguesa e nos serviços concelhios de Finanças, são elucidativos.

Tudo falhou no governo ‘absolutamente maioritária’ do Sr.
José Sócrates. Ele que se propunha ser um novo e salazarento ‘génio das Finanças’, reconduzindo o país a um equilibrio orçamental, FALHOU.

Ele que prometera um ‘choque tecnológico’, ficou-se por uns pífios quadros interactivos numas poucas escolas e por uns computadores Magalhães distribuídos, às carradas, a criancinhas e a adolescentes: FALHOU.

Ele que prometera mais segurança: FALHOU

Ele prometera melhor e mais fácil acesso à Justiça: FALHOU

Ele que prometera melhor saúde: FALHOU

Ele que prometera uma agricultura mais racionalizada e produtiva: FALHOU

A acção governativa do Sr. José Sócrates e da sua maioria absoluta foi e é um fracasso completo.

Então, para que serviu ao Sr. José Sócrates, essa maioria absoluta?

Apenas para ele agravar as condições de vida dos Portugueses e poder mostrar a sua arrogância de chefe de governo maioritário e exibir um autoritarismo provinciano e bacoco, bem na tradição dos líderes políticos provincianos e bacocos: Costa Cabral, João Franco e Salazar.
Piolho Viajante



domenica 1 marzo 2009

A Censura do Carnaval

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PORNOGRAFIA: O termo deriva do grego πόρνη (pórne), "prostituta", γραφή (grafé), representação e define a reprodução, independentemente do meio utilizado, de cenas ou imagens destinadas a serem apresentadas a um público, expondo práticas sexuais diversas, com o fim de instigar a líbido do observador.(in Wikipedia).

Este é o fantasma que assombrou a vida cultural portuguesa neste , já findo, Carnaval.

Primeiro, foi a censura, feita pelo Ministério Público, de imagens na réplica satirizada do Magalhães presente no Carnaval de Torres Vedras, por estas serem, alegadamente pornográficas.

Poucos dias depois, foi a apreensão, levada a cabo pela PSP de Braga, de cinco exemplares do livro ‘Pornocracia’ de Catherine Breillat que exibia na capa ‘A Origem do Mundo’ de Gustave Courbet, tela pintada em 1866 e hoje em exibição no Museu d’Orsay.

O que estes dois aspectos têm em comum é precisamente, ambas as obras terem sido consideradas pornográficas. À luz da definição apresentada, passaremos a analisar, então, ícones da arte mundial hoje, unanimemente, reconhecidos.


1. Vénus de Willendorf:

Perante esta escultura paleolítica, devemos confiar na opinião dos académicos e acreditar que esta nada mais é do que a representação de um símbolo de fertilidade, que nos remete para a noção de Mãe Natureza ou será isto uma desculpa para escamotear a já existente dependência mórbida do Cro-Magnon de objectos pornográficos?


2. Almoço sobre a erva – 1863 - Manet

Manet e todos os seus colegas impressionistas, apesar de terem sido considerados escandalosos aquando do seu aparecimento, por oposição ao Realismo, pelos temas que apresentavam -. frequentemente, corpos femininos semi-nús- constituem hoje um paradigma da arte do século XIX. Mas será mesmo assim? Não deveria ter a crítica mundial perseverado um pouco mais e ter condenado, até aos dias de hoje, esses pintores disolutos e todas as suas modelos, quase sempre, mulheres ainda mais dissolutas, ao mais absoluto esquecimento , como castigo? É uma pena, no mínimo, justa para quem sugere actividades duvidosas, levadas a cabo em pleno campo entre parceiros múltiplos que, ao serem plasmadas para a posteridade, podem causar ,de chofre e irreversivelmente, a perda da inocência das nossas crianças que, com a desculpa da arte e da cultura geral, estão sujeitas a observar num qualquer museu ou centro de exposições.


3.Adão e Eva de Dürer.

Face a esta representação do casal primordial, e sobretudo àquela de Eva que, à mercê das brisas, arrisca a mais completa nudez, ficamos a perceber o porquê da escolha da serpente e mais ainda as eternas condenações de Jeová dirigidas à Humanidade e, sobretudo, à mulher.


4. Kajuraho -

- complexo de templos indianos, construídos entre 950 e 1050 d.c. conhecidos pelo conteúdo sexual dos seus ornamentos.

Será que com a desculpa da religião (hindú) os indianos não quereriam, apenas, erguer monumentos à concupiscência e depravação?


Desta forma, justificar-se-ia plenamente, os ataques que os portugueses levaram a cabo, durante o século XVI, a templos hindús do Sul da India, muito provavelmente, também eles imbuídos do mesmo espírito de cruzada beatificadora que inspirou, não só, os cidadãos torreenses e bracarenses que efectuaram as queixas-crime, mas também as instituições que agiram em consequência

Por isso, não posso deixar de louvar o apego heróico à moral e bons costumes que as nossas instituições, apesar de inseridas num contexto, aparentemente, europeu e pós-moderno mantêm.

Contra este sistema actual que insiste em contrariar os valores da família e do recato, CENSURAR, CENSURAR.

O Fenómeno Facebook

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Com o aquecimento global que atinge níveis e consequências irreversíveis, com as crises internacionais que, em nome da crise internacional, se intensificam, com o fecho das fronteiras do Primeiro Mundo ao Terceiro, com a masculinização de tantas espécies devido à poluição crescente, com a globalização do Mal e dos deveres e a elitização do Bens e dos direitos, qual é a nova febre mundial, que se propagou a todos os continentes desde os E.U.A.? A ecologia? As manifestações? As revoluções? A consciência global? A Justiça? O messiânico Obama?...

Não...Facebook.

Mexicanos, portugueses, italianos, chineses, argentinos, ingleses, japoneses e guatemaltecos, uni-vos! Uni-vos graças a este imenso portento tecnológico sobre cujos os benefícios discorrerei.

A minha costumeira, pouco reactiva ao exterior mas insistente, curiosidade, levou-me investigar o que seria este Facebook e qual o motivo para tanta turbação planetária.

E, numa sessão de 20 minutos, descobri e maravilhei-me, tal como os outros milhões de utilizadores que fazem de Facebook, a sexta nação (???) – acaso desconhecem a sua definição?- mais populosa do Mundo.

Facebook é uma comunidade virtual onde pessoas, das mais diversas proveniências e com as mais diversas características, se inscrevem e se mantêm em contacto. Desta forma, Facebook permite encontrar ex-colegas de escola, ex-colegas de trabalho, ex- amigos, ex- namorados (as) e ex-patrões. Por EX, entenda-se aquilo que foi e já não é. Interessante?

Decidi experimentar.

Após alguns minutos de hesitação sobre quem descobrir, escrevi um nome e cliquei num botão que dizia: “Encontrar amigo”. Mas uma primeira dúvida, assaltou-me...Amigo...Se acaso, fosse meu amigo, eu necessitaria de ir para a Internet encontrá-lo? Ou será a palavra ‘amigo’ aqui utilizada no sentido que o meu sobrinho de 4 anos a utiliza quando diz que vai convidar os seus amigos para lanchar e chega a casa com 10 miúdos?

A dúvida persiste, mas avanço.

Escrevi o nome do meu Liceu e apareceu-me o grupo de antigos alunos. Passo em revista as 196 fotografias e não reconheço ninguém. Sempre tive uma memória terrível para nomes e as caras, depois de 16 anos, já não me dizem nada.

Lembrei-me do primeiro nome daquela minha colega que chorava de cada vez que recebia uma nota inferior a 18. Rita...Mas não me lembro do apelido. Se escrevo Rita, Lisboa, será que Facebook a encontra?

Decido procurar um rapaz de quem gostei quando tinha 13 anos. Ele era norueguês e a sua beleza persiste na minha memória. Felizmente, lembro-me do seu apelido, mesmo que seja complicado

De facto, também ele está no Facebook, como não podia deixar de ser. Marca a sua presença com, pelo menos, mais 25 kilos e dois bébés. Penso que foi uma má ideia procurá-lo. Mais um sonho de pré-adolescência malogrado.

Quis, então, encontrar o meu professor de Português, apesar de ser nordestino, foi um dos melhores professores que tive. Mas como se chamava? Walter, Ataxerxes, Mílton? Desisto...

E o meu professor de História Económica e Social que tive na Universidade...será que está no Facebook? Procureio-o sem sucesso. Talvez aos 75 anos, já ninguém queira estar no Facebook

Penso que vou ‘adicionar como amigo’ o meu ex-namorado mas, depois de vários dias à espera da sua aceitação, percebi que ele não me quer ‘adicionar como amiga’ à sua‘list’. Em compensação, posso ver as fotografias de todos os seus amigos. Descobri que a fotografia da minha ex-melhor amiga, que me deixou de falar depois de ele me ter deixado,está na sua lista de amigos. Por que será?

Em suma, aqueles que eu, após um forte esforço consigo isolar do cenário caótico da memória, ou não me recordo do seu nome, ou estão gordos ou não estão interessados em contactar comigo. Bastante semelhante à vida real, só que a nível planetário e virtual, e bastante mais deprimente.

Qual será, então, a explicação para o sucesso global de Facebook?

Penso que Freud, apesar de ser em, muitos aspectos, detestável conseguiu condensar todo o seu génio numa frase que se aplica perfeitamente ao fenómeno Facebook: “ Às vezes, evitar entender é bem melhor que sacríficar o entendimento.”

Sócrates e a sua Crise Pessoal

A 'Polícia do Pensamento' de J.Sócrates

Hoje, ouvindo a rádio, tive uma reminiscência literária causada por uma notícia referente à última medida do governo.Essa reminiscência é recorrente desde que o governo de José Sócrates chegou ao poder: da imagem de José Sócrates, à imagem dos seus ministros, das ideias de José Sócrates aos discursos debitados de cor e segundo ‘a voz do dono’dos seus ministros, da falta de formação, da falta de humanidade, da falta de eficiência, da falta de humildade, da falta de respeito ao excesso de cinzentismo, de mesquinhez, de perseguição, de censura, de aridez, tudo me traz de volta à memória Orwell e o seu ‘1984’.Neste ano de 2009, com uma velha crise portuguesa que se agrava desde 2005 mas agora rebaptizada de crise mundial, e no rescaldo do escândalo do Freeport que, em Portugal, nem chegou a arder, surgiu uma conveniente medida do Ministério da Saúde e da sua ministra Ana Jorge. Até à data, a referida ministra parecia-me, apenas, engrossar as fileiras de personagens anódinas e privas de ideias das quais o Primeiro-ministro se faz rodear. Uma personagem que, de per se, teria a mera função de substítuir a figura menos anódina mas mais perversa de Correia de Campos.Mas voltando à reminiscência específica de hoje...segundo a notícia, a ministra teria proferido um pequeno discurso, por ocasião da inauguração da Unidade de Psiquiatria e Saúde Mental de Torres Vedras.Segundo a ministra, seria feito, em breve, um investimento de cerca de 5 milhões de euros que serviria para ser aplicado na criação de novas unidades locais de saúde mental para, entre outros aspectos ‘procurar dar resposta aos problemas mentais de ansiedade e depressão que costumam surgir em tempos de crise.’Foi, precisamente, através desta frase que estabeleci o paralelismo com Orwell e com a sua ‘Polícia do Pensamento’. Assim, o Governo português que, através das suas políticas e medidas, criou a actual crise na qual todos o país está mergulhado, em lugar de fazer investimentos que visem a melhoria condições de vida das pessoas, aconselha-as a recorrerem à Psiquiatria.Com efeito, um trabalhador que, por via de um sistema social e laboral viciado e doente, perde o seu posto e salário ficando, ele e a sua família, à mercê da caridade alheia, ou um jovem ( ou nem tão jovem sequer) que, depois de ter passado a maior parte da vida a investir na própria formação, não encontra um emprego adequado tendo de continuar a depender dos pais, deixam agora de ter, oficialmente, razão para sentir o stress e o desespero que um ser humano, na posse de todas as suas capacidades, sentiria numa situação do género.De acordo com a ‘Novilíngua’ do governo de José Sócrates, o desespero causado pela pobreza e pelo desemprego, pela mais absoluta incerteza, pela total ausência de alternativas sociais e pela irresponsabilidade e incompetência políticas nada mais é do que uma doença mental, mais ou menos crónica que, como tal, terá que ser tratada com recurso, quiçá, a psicofármacos, não vá o desempregado ou o excluído social cair na tentação de cometer uma ‘crimideia’ e de desafiar a autoridade reinante de José Sócrates com um simples pensamento. Face a essa mera possibilidade, a alternativa será a ‘vaporização’ do acto de pensar e do direito de se indignar, de criticar, de satirizar, de exigir dos cidadãos face ao governo.Por isso, tal como Winston Smith fez recurso ao uso clandestino de um lápis e de um bloco comprados num antiquário, aproveito para escrever, mesmo correndo o risco que vós, ao aceitarem a imagem que vós foi induzida pelo ‘Partido’ , me julguem doente mental:

ABAIXO O BIG BROTHER!

Maia